(gentileza de Amélia Pais) Não dormi com a beleza toda a vida fazendo inconfidências a mim próprio dos seus encantos planturosos Não, não dormi com a beleza toda a vida mas com ela menti fazendo confidências a mim próprio de como ela nunca morre mas jaz à parte no meio dos aborígenes da arte e paira por cima dos campos de batalha do amor Está acima de tudo isso muito acima Está sentada no mais selecto dos assentos da Igreja lá em cima onde os administradores da arte marcam encontros para escolherem o que há-de ficar para a eternidade Eles, sim, dormiram com a beleza durante toda a vida Eles, sim, alimentaram-se da ambrósia e beberam o vinho do Paraíso e por isso sabem exactamente como é que uma coisa bela é uma alegria para sempre e para sempre e como é que ela nunca nunca pode inteiramente desvanecer-se num nada que leve à bancarrota Oh não, nunca dormi em Regaços de Beleza como esses receando levantar-me de noite com medo de perder nesses segundos qualquer belo movimento que ela esboçasse E contudo dormi com a beleza à minha estranha maneira e fiz uma ou duas cenas terríveis com a beleza na minha cama de onde transbordou um poema ou dois de onde transbordou um poema ou dois para este mundo tão parecido com o de Bosch Lawrence Ferlinghetti