Ocorre que há uns lapsos na história, há uns lapsos. Então vêm, videntes, relatar histórias conhecidas em noites longas de calor, insônia. Ouvimos. Pacientemente. Sob discursos jazem outras vozes. Necessário cantar. Animais se aninham ao nosso ânimo, baixam seu brado à espera da canção. E os leões de pedra dos portões deixam rolar os globos que os sustentam. Falamos línguas obscenas. Não. Endureceu-se o ouvir. Indefinidamente? Afrontar a rija espada dos confrontos, permitir soluços, se o peito arfa curvado de rajadas imprudentes. Se não se deixa a alma nesses lances em que transidos vagamos dementes, como afrontar as rugas, decifrar mensagens (não correm ventos nas paisagens mortas, largadas ao relento)? Necessário é amar. Primeiro e último tormento. Maria da Conceição Paranhos