O vestido de ferro
Tudo teu é de ferro:
bolsa, armário e escova de dente.
Teu vestido de betume
brilha um céu de gesso e espessura.
Os sapatos caminham léguas de carmim.
As lixas de unha limam a aspereza
dos amores fugidios,
estes amores de lama e rosa,
que enferrujam na lixa do tempo.
Os carretéis de linha
não bordam a vida,
é de náilon tua costura do medo.
E, por fim, teus perfumes
amargam a beleza fescenina
de nunca atingir o clímax
ou preferir a rigidez do aroma.
Ronaldo Costa Fernandes
Publicado em 14 de Março de 2007