Não dura a sombra dos homens contra a luz, a palidez do dia e sua fatura de signos que a essas frutas se reduz, a consciência dos mortos não dura o instante extinto e obliquo de um segundo. Não duram as cinzas sobre a mesa fria, a claridade mítica em que o mundo, num lampejo, quase à sua revelia, às mãos do místico se entrega intacto. Não duro e não duras mais que o momento em que o Ser à míngua se inscreve em ato forjando em seu espelho o movimento, o percurso que vai da Idéia ao fato, entregue a flor ao Vento que há no vento. Rodrigo Petronio