Soneto autobiográfico
O meu modo solene, o jeito vago,
A metódica forma de enfrentar
Os problemas, as lutas, o desar
E as outras cousas que em silêncio trago,
Nasceram quais nenúfares no mar,
Ou serenas visões de um grande lago.
Mas nunca os procurei, tampouco afago.
A minha face externa, singular.
Habito etérea torre em decadência,
Mas essa é minha marca de existência.
O meu destino. Ou sorte. Ou meu fanal.
No coração, contudo, vos abraço
E sigo pelo sonho passo a passo,
Tentando ser moderno e provençal.
Artur Eduardo Benevides
Publicado em 15 de Março de 2007