(gentileza de Zeferino M. Silva) Assim, Jesus, venho encontrar estes teus pés, que outrora foram pés de adolescente, quando eu tos descalçava e os lavava a medo; como se emaranhavam em meu cabelo como corça branca em moita de espinheiros. Assim eu vejo teus membros nunca-amados pela primeira vez nesta noite de amor. Nós ambos nunca nos deitámos juntos, e agora é só admirar e velar. Mas como as tuas mãos estão laceradas - : E não é, Amado, de eu tas ter mordido. Teu coração está aberto, e pode-se entrar nele: e devia ter sido só minha a entrada. Agora estás cansado, e a tua boca cansada não deseja a minha boca dorida - . Jesus, Jesus, quando foi a nossa hora? Que singularmente nos perdemos ambos! Rainer Maria Rilke, tradução de Paulo Quintela