Adiei o mundo que no escuro preparava o bote – coral na caixa preta do destino Sem descobrir o código – cobertor de ruído sobre o túnel – acordei diante do trem em direção ao corpo preso na ferrugem Nenhum desvio salvou-me do som despedaçado do violino Adeus dos outros, feito pão mofado na mesa posta de um cortiço Acolheu-me a musa no lado oposto à vida com o olhar mortiço para quem ficou encarando a minha sorte Ela escolhe e fisga o coração de quem não morre Para o resto – o inconformismo em mar de inveja repulsivo – ela tem o olhar que petrifica Fósseis na mira da Medusa fogem do Tempo, rosto final do Medo, que assoma como surda carruagem Enquanto somem, a seiva interminável cobre o sonho que guardei no bolso Carne oferecida à eternidade Nei Duclós