Vou andando para a beira desse porto, entre cheiros de cigarra e de sardinha E um desejo líquido de partir. Meu olhar desliza no horizonte, querendo saber a que distância um nome deixa de doer. Teu nome, marcado em minha boca como a polpa de uma pêra . O navio enorme avisa que vai embora. Escrevo a palavra salto, e paro no sal, e não chego ao alto. A noite está boiando num óleo grosso de silêncio e luz. Molho os pés, penso em teu nome: gozo de um poço tapado. Perfil de musgos na beira das águas redondas. Me vejo na ponta do cais, cacos de luz abrindo a cara do mar. Destroços de palavras, pedaços de teu nome, sílabas que batem contra os cacos. Estou parado na beira de um porto, azul e morte no oco do ar. AntônioCarlosSecchin