Expressar. Esquecer os atalhos, os desvios, a fuga. Este é o lugar : fincar raízes em solos aéreos, improváveis. Decifrar imagens no espelho esmerilhado por desastrado gesto. Cirandas na ausência, mãos tateando o escuro, o turvo elemento, o verbo, que depende. Como depende. Essa linguagem perseguindo a atenção do silêncio. Signos anunciam, seio conhecido, Vita nuova: "Amar-te-ei em excesso após a morte. Ninguém cantará teu amor como eu". Cantor de improviso, de onde vens e de onde extrais essa sabedoria imprudente? Começa agora outro dia. O poeta canta. O poeta canta. Por males que não espanta. Maria da Conceição Paranhos