Vestígios de magia III
De que curva das trevas, de que ponta
o negro voo treme e o ar trespassa
e bate nos sentidos suas asas
para acordar o canto, vil presságio
de sujo enigma, este susto e espanto?
Uma treva sem trégua, uma perdida
face escondida se desprende e foge
atrás de si para encontrar-se ao lado
de quem renega e aceita. Ser sem nome,
cujo dom é nutrir-se de seus passos
como o corvo se nutre com seu voo
da solidão que o habita, sem receio,
rompe com o bico a negridão e surge
nas páginas abertas deste espaço.
F. Castro Chamma
Publicado em 3 de Maio de 2007