Teus peitos em chamas cobrem de espumas as ilhas, as franjas do vento inauguram temporais. Teu corpo se derrama, enorme, sobre as dunas que a mão dos vendavais tece no litoral de novembro. O amor são as patas do cavalo sobre os espelhos das campinas, o sol incendiando a penugem do canavial, o mapa dos olhos no escuro, uma cidade que se despe como um calendário. O amor é um roçado de enigmas, claros como o silêncio dos retratos, iniludíveis como o olhar dos bois, ávidos como as mãos que cavam a terra ou os pés que namoram caminhos. Amar é escrever teu nome no ventre de uma inacessível praia onde adormecem um deus e as cordas de uma guitarra. Amar é escrever teu nome como se escreve um poema sem palavras, assim como a noite se inscreve na solidão de um homem. Carlos Augusto Viana