(gentileza de Amélia Pais) Aqui, por onde sangra o Tejo, a melancolia é mesmo tanta, e a nostalgia emerge tão concreta, que nem o rebuliço ruidoso dos jovens, nem o ânimo incontido dos artistas, sequer a lucidez profana dos poetas, alcançam entender-te, transformar-te. Aqui, por onde floram as primaveras e brotam alegóricos cravos rubros, as pessoas revelam-se tão incrédulas que parecem viver a esperar fantasmas. Taciturnas almas penadas… Perpetuação dos tempos findos! Prantos de pedras tragados pelo tempo. Hoje... esculturas esculpidas no cais. Aqui, por onde passam esquifes, e as esperanças desvanecem, eu, apenas eu, abraso-te, animo-te. Posto que trago em mim o espírito libertário das gaivotas. E o coração a desatar-te amarras e a purgar-te o inebriante banzo. Poemas viscerais, guardados em garrafas, submersos nas lágrimas salgadas do teu mar. Kátia Drummond