Amar é como andar por entre facas. A mão de sal no meu olhar de areia. Poder levar à boca um beijo azul, sorrir com dentes verdes e morrer. Calcino a minha febre primitiva na boca esquiva e negra das noturnas. Agudo o anseio retalhando o ventre, e o vácuo espaço qual o olho do abismo. Todos os contos líricos morreram. Em ti a esfinge canta um canto branco, sereia em barco de um Caronte músico. Amar-te é andar incólume entre facas. Eros folheia um livro em minha cama até rasgar-se a folha derradeira. Gláucia Lemos