Os Ruídos da Primavera
(gentileza de Amélia Pais)
Ao chão uma farpa
de oiro chegava
um fresquíssimo
e gotejante cheiro
a perseguida luz.
2
Inebriante a fosforescência
dos frutos, a curtida
lã da brisa
deslumbrada de lumes quase
ardia a infância
de março.
3
Frutos da água afagava
olhando o verão
de relance. As vestes húmidas,
brancas de sol e vento,
rumorejando como ardentes rosas
de areia.
Chegava, passo lento, afastando
a cortina do tempo.
4
Esfregando no peito sombras
de oliveira, das mãos
caiu-lhe o apelante ruído
do mar.
Eduardo Bettencourt Pinto
Publicado em 25 de Junho de 2007