Que posso eu cantar de novo? Salomão já fez os cânticos. E o Outono, entretanto, vem cobrando seu tributo: quer sempre mais e mais frutos. Sei que o Inverno já vem, futuro exato, esperado. Mas eis que brota, entre as pedras, a mais teimosa das ervas que nem a neve contém. E tu, Primavera fresca, vens inaugurar o espanto e erguer, com ares de anjo, novo castelo de vento sobre as pedras da represa, em cujas águas contidas eu me vou banhar agora, pois é verão. Quem se importa se haverá outros ou não, se é de ti que sopra a vida? Álvaro Santi