Con anima
Que posso eu cantar de novo?
Salomão já fez os cânticos.
E o Outono, entretanto,
vem cobrando seu tributo:
quer sempre mais e mais frutos.
Sei que o Inverno já vem,
futuro exato, esperado.
Mas eis que brota, entre as pedras,
a mais teimosa das ervas
que nem a neve contém.
E tu, Primavera fresca,
vens inaugurar o espanto
e erguer, com ares de anjo,
novo castelo de vento
sobre as pedras da represa,
em cujas águas contidas
eu me vou banhar agora,
pois é verão. Quem se importa
se haverá outros ou não,
se é de ti que sopra a vida?
Álvaro Santi
Publicado em 19 de Julho de 2007