Amor de floração tardia colhido ao chão das folhas secas. Achado casulo de mim mesmo, seco, fui ficando. Eu já me despedia de meus anos. Que já não há rubor nas entressafras, veias, vias de memórias fracas. Por que me permito? Não das manhãs, que o calor chega atrasado, mas das tardes talvez, que vai esfriando, mas fica morno, morno - terno - e fica, e fixa, dá calma e alegria, doce, fragrante. Destas horas fiz todos os meus dias. E já não sei se vou, se vôo, se parto. Aparto as circunstâncias, ânsias no meu em-torno. Suspenso no que sinto e que repenso, terçãs que desvanecem, as horas crescem. Nem todo amor negado às horas pena. Açucenas. Lírios. Não vale à alma o vale dos suplícios. Deixa o aroma enevoar, emudecer, entreabrir, que eu sou todo a sombra da sombra, senão luz própria sem fundo, imagem que não existe mas é tudo. Há muito basta o gesto de sorrir. Dá-me teus frutos... é mais que eu merecia. Amor de floração tardia. Jaumir Valença da Silveira