Venho de longe, trago o pensamento Banhado em velhos sais e maresias; Arrasto velas rotas pelo vento E mastros carregados de agonia. Provenho desses mares esquecidos Nos roteiros de há muito abandonados E trago na retina diluídos Os misteriosos portos não tocados. Retenho dentro da alma, preso à quilha Todo um mar de sargaços e de vozes, E ainda procuro no horizonte a ilha Onde sonham morrer os albatrozes... Venho de longe a contornar a esmo, O cabo das tormentas de mim mesmo. Paulo Bonfim