Talvez o vento saiba dos meus passos, das sendas que os meus pés já não abordam, das ondas cujas cristas não transbordam senão o sal que escorre dos meus braços. As sereias que ouvi não mais acordam à cálida pressão dos meus abraços, e o que a infância teceu entre sargaços as agulhas do tempo já não bordam. Só vejo sobre a areia vagos traços de tudo o que meus olhos mal recordam e os dentes, por inúteis, não concordam sequer em mastigar como bagaços. Talvez se lembre o vento desses laços que a dura mão de Deus fez em pedaços. Ivan Junqueira