Pelos meus dedos molhados escorrem largos oceanos. Pelos meus dedos azuis desfilam navios esquálidos. Meus dedos estão cansados por isto, já nem se fecham: portos vagos abrem-se e deixam partirem todos os sonhos. Os sonhos vão como mortos em seus esquifes marinhos nos corpos sem consistência pousam anêmonas. Os rostos entre rochedos opostos desaparecem. Mistério exibe-se em ar grave e sério à terra do esquecimento. Restos de brumas aladas perpassam na maresia. Minhas mãos já não sustentam quilhas contra as águas claras. Cantam na vela enfunada ventos de todo quadrante por mais que busquem o horizonte o infinito os afasta. - Sou como viageiro estranho por mais que busque e navegue do infinito o talvegue jamais reencontro os sonhos. Bernadette Lyra