Todas as viagens de uma vida começam num ponto qualquer, que se recordará em vislumbres intermitentes, ao longo dos anos. Na minha geração, as primeiras viagens foram quase sempre proporcionadas pelos pais, dependendo por isso dos seus gostos, interesses, disponibilidades e olhares. Se as viagens se tornam parte importante do caminho percorrido, pode chegar um momento em que todas são uma única, começada nesse tempo longínquo da infância de que restam memórias parcelares iluminadas por fotos a preto e branco com arestas recortadas e negativos a metro,continuada nas realizadas na idade média que é a adolescência (dez longos anos a valerem por mil...), até às que se desejam ou se recebem de modo único, irrepetível, na vida adulta. O tempo entre todas as viagens, essas semanas, meses ou mesmo anos que cavam hiatos aparentes, são somente as épocas de fazer aguada, reunir recursos, tratar das intendências, viver a vida dentro da fortaleza. Até ao momento, aguardado ou agarrado num repente, de baixar a ponte uma vez mais.