Os antigos eram jovens, e nós, disse Bacon num lúcido momento, somos velhos, embrulhados em constante movimento. Hoje podia ter vinte anos, um corpo diferente capaz de reflectir o sol, que além das nuvens brilha; saberia, com arte de palavras, dizer, do céu, os nomes mais completos; de barbas brancas visitando asilos os nossos filhos nos dariam fama. E ainda assim alguma pequena coisa perderia: o céu, talvez, na sua cor mais fria; manhãs de temporal, quando distantes relâmpagos azuis cobrem a terra; o cheiro a chuva, o sabor de alguns frutos; estórias por contar; livros por ler; a sábia opinião do chanceler; e sobretudo, no teu rosto, o véu do antigo amor chamado juventude. António Franco Alexandre