Habitando os cafés e refletindo as manhãs com restos da noite, ambientou-se ao não-ser, traçou a inexistência, ficou entre parênteses. Silente e absorto, refez os becos de um dia oco e pesado. Inquieto, alimentou-se de acasos: sorveu as praças, o cinza das chaminés e amargurou-se com o lamento pulverizado dos meninos da grande cidade. Chorou a salobra segunda-feira, feita de vagidos e tormentos. Desse modo, por muito tempo, passou a repetir as noites, nos olhos avulsos do esquálido cão, que cismara em perseguir. Um dia, ao tentar recompor sua história, morreu de esquecimento. Francisco Perna Filho