Ecos
Habitando os cafés
e refletindo as manhãs
com restos da noite,
ambientou-se ao não-ser,
traçou a inexistência,
ficou entre parênteses.
Silente e absorto,
refez os becos
de um dia oco e pesado.
Inquieto,
alimentou-se de acasos:
sorveu as praças,
o cinza das chaminés
e amargurou-se com o lamento
pulverizado dos meninos
da grande cidade.
Chorou a salobra
segunda-feira,
feita de vagidos
e tormentos.
Desse modo,
por muito tempo,
passou a repetir
as noites,
nos olhos avulsos
do esquálido cão,
que cismara em perseguir.
Um dia,
ao tentar recompor sua história,
morreu de esquecimento.
Francisco Perna Filho
Publicado em 13 de Setembro de 2007