Rompo o tempo com uma canção de bolero Persigo minhas presas como uma pantera faminta Saboreio a caça com total serenidade Converto meus anseios em fome saciada Renego as memórias ancestrais Venço o dia com o suor do meu cansaço Glorifico cada instante como sendo o último passo Concebo o mundo como um enigma decifrado Evoluo com a idade do calendário Experimento a insensatez da lúcida esperança Distraidamente chuto as pedras do caminho E desbravo horizontes com a minha peregrina jornada Fujo de mim e esqueço inúmeras verdades das sombras e das escuridões Uma ilusão alada Incorpora-se no meu coração Permaneço em repouso Um cheiro de ervas inebria o luar Escalo cumes para tocar as estrelas E finco minha bandeira na noite devassada. Ana Cristina Souto