(gentileza de Amélia Pais) Original é o poeta que se origina a si mesmo que numa sílaba é seta noutra espasmo ou cataclismo o que se atira ao poema como se fosse ao abismo e faz um filho às palavras na cama do romantismo. Original é o poeta capaz de escrever em sismo. Original é o poeta de origem clara e comum que sendo de toda a parte não é de lugar algum. O que gera a própria arte na força de ser só um por todos a quem a sorte faz devorar em jejum. Original é o poeta que de todos for só um. Original é o poeta expulso do paraíso por saber compreender o que é o choro e o riso; aquele que desce à rua bebe copos quebra nozes e ferra em quem tem juízo versos brancos e ferozes. Original é o poeta que é gato de sete vozes. Original é o poeta que chega ao despudor de escrever todos os dias como se fizesse amor. Esse que despe a poesia como se fosse mulher e nela emprenha a alegria de ser um homem qualquer. Ary dos Santos