Que estranha visão terá de ti o rio que passa e ao qual os poetas inutilmente oferecem areias de ouro e de Byron? Umas vezes oblíqua aos olhos de quem ama a liquidez das cúpulas sonoras onde ondulam as casas na sua pulsação nervosa e feminina. Outras vezes erecta e pombalina talhada para letras de câmbio velha receptara e hoje só senhora dum tempo fixo e mudo indiferente à pedra. Mas mais das vezes crespa nas ondas ruidosas erguidas da terra ébria vasto espelho de bar para novas aventuras. E na boca do fim à beira de um mar de quem não teve infância só os monumentos eventos – ventos da distância. Armando Silva Carvalho