Indústria do amargo
A indústria do amargo desassossego,
a patente do medo, a geringonça
movendo as vísceras dentadas,
a fábrica de desacertos mostra o intestino,
manufatura de mercadoria e dejeto,
o lodo e o pêndulo como destino.
Eis o lodo, barro inútil para fazer gente,
massa fecunda para fabricar o desengano.
Agora a outra prensa do nada:
o pêndulo: que é o mesmo e seu avesso,
ora num lugar, ora em outro,
sem nunca sair de onde está;
preso de si, são dois em um,
um que se faz de dois,
para iludir a salmoura da matéria.
Ronaldo Costa Fernandes
Publicado em 27 de Outubro de 2007