O teu silêncio corta o dia claro em postas de penumbra acinzentada. Por mais que açoite o vento as folhas vastas, eu nada escuto, só escuto ausências. O teu silêncio arsênico assassina horas de lesmas que se arrastam torpes, e o dia é todo noite, e são fantasmas os que andam rente a mim, sem que eu os sinta. Silêncio pétreo... Meus ouvidos moucos recusam-se a escutar, pois nada existe, só horas que retalham pouco a pouco. Uma surdez nevada se esparrama dos fiapos deste dia que estraçalhas com o peso do silêncio apocalíptico. Gláucia Lemos