(gentileza de Amélia Pais) algures aonde eu nunca viajei, alegremente além de qualquer experiência, os teus olhos têm o seu silêncio: no teu gesto mais frouxo há coisas que me prendem, ou que não posso tocar de tão próximas que estão o teu mínimo olhar há-de facilmente desprender-me embora eu me tenha cerrado como dedos, tu sempre me abres pétala a pétala como abre a Primavera (tocando hábil, misteriosamente) a primeira rosa mas se teu desejo for encerrar-me, eu e minha vida fecharemos em beleza, de repente, como quando o coração desta flor imagina a neve em tudo cuidadosa descendo: nada do que existe para ser sentido neste mundo iguala o poder da tua extrema fragilidade: cuja textura me submete com a cor dos seus domínios, representando a morte e para sempre em cada alento (eu não sei o que é que há em ti que fecha e abre; apenas alguma coisa em mim entende a voz dos teus olhos mais profunda que todas as rosas) ninguém, nem mesmo a chuva, tem tão finas mãos e.e. cummings, tradução de Jorge Fazenda Lourenço,