E um dia de tão livre desejarás a morte para iludir o não-pertencer e na suprema arrogância do não-querer ouvirás o silvo distante do trem do adeus ecoando gestos de ternura omitidos no quarto de despejo das ausências e de desejo se gretará a carne à espera das chuvas de antanho nos ocos sem fundo do não-dito e como quem dobra os sinos dobrarás as asas de seda e violência tal mortalha usada voltando ao baú das ilusões mutiladas e ainda estremecido pelo rufar do furor ferido de existir fragor ardor antes do bolor colocarás a lápide do mutismo sobre o estrebuchar da existência já cacos de aspirações girando no sideral da incompletude folhas de outono sob o mistral da finitude as lâminas do silêncio ungindo as fissuras da alma recolhida como feto entre deuses destronados no deserto do verbo exílio no tempo na desolação de seu próprio infinito alma desterrada sem destino sem a luz do sangue sem redenção sedenta da prisão do amor do amor não tido do amor não sido do amor não exaurido do amor não vivido R. Roldan-Roldan