Os dragões da verdade e da mentira (não de uma ou de outra: de ambas), diante o dia do juízo final, em louca lira, viram, na luz do fundo da bacia da dor, em pedra e goma, em sombra e lume, despido de semblante, indubitável, vindo do mais recôndito improvável, um corpo envolto em cúmulo: o ciúme. Eram dragões de vasta peripécia: de infeliz, um queimava a Capadócia; de tristeza, um lavava o chão da Grécia. No mar febril de lama transbordada, sob os barris de júbilo da Escócia, rasga-me o peito a chama murmurada. Luís Antonio Cajazeira Ramos