(gentileza de Amélia Pais) Disseram-me: ontem à noite ninguém esteve aqui. Mas a casa, porque está iluminada? Porque se ouvem os passos habituais no corredor? Porque ficou, na escada uma sombra esquecida? Sim: ontem à noite, o silêncio transformou-se em música de obscuras presenças ? como se não bastasse o vento no silêncio dos quintais; e reconheci, pelo que me disseram, o eco da tua voz, e até algumas das palavras que, outrora, trocámos entre vinho e risos. (Como, no entanto, responder-te? Se atrás da porta, sob a primeira impressão de vida, só o frio, e a humidade do Inverno, me acolhem?) Nuno Júdice