Depois de passado il mezzo del' camin', a questão das convenções deixa de o ser, uma vez que até a necessidade de as questionar se vai esbatendo por obra e graça da idade. Também é verdade que os tempos que correm são leves, quase inefáveis, tanto em matéria de exigências rituais como de responsabilidades e obrigações, muitas vezes situadas bem além do simplesmente convencional. Nada é feito para durar, nem para dar trabalho excessivo (e aqui o excesso pode ser muito rapidamente atingido), nem sequer para demorar tempo a construir. Por isso, nesta era de grande maleabilidade, há ao menos uma vantagem: os costumes já não obrigam a sacrifícios nem a representações; para não conferir importância a festejos convencionais deixou de ser necessária qualquer aura de excentricidade ou sequer invocar um motivo socialmente aceitável. A passagem do ano foi assim liberta da carga de "festejo obrigatório" para quem a quiser ver como uma mera operação de contagem do tempo, relativa e convencional. E só isso.