Eu não conheço o sol, clarão que humilha e me faz manso. Só o conheço na sombra que também mata e inocenta. No lago interior, alma afogada, afundei a matéria abismal do choro, facho imenso entre o dia e a noite. Oh, escuridão eterna, quando serei raio partindo do útero da terra? Eu não conheço a luz temporal que anda por sendeiros, buscando as pisadas das estrelas, gerando um som que me emudece. Ainda que o meu tamanho se agigante, não vejo nada além do infinito. Talvez me ensine mais o sonho que me alimenta e logo me destrói: rotor preciso da imensidão, refrão nefasto da pequenez humana. Cláudio Aguiar