Teoria particular (mas nem tanto) do poema
III
e o poeta, com seu texto pronto,
se já se embebe de elogios eunucos
já saliva manifestações de apreço,
e a poesia paga o preço
o poema publicado:
mera marca provisória,
impresso para as provas
de que se faz a história:
é o rastro de um vôo veloz
que poesia é rio que recomeça na foz;
quando se digita o ponto
final, já é hora de apagá-lo
que a corrente segue em frente,
os seus elos sem intervalo
somente em alguns momentos
somos o poeta, em vigília e fé:
em que a poesia, nosso invento,
nos inventa
e nos dá a concessão do poema,
mero quadro, em interrupção,
que ela é onda contínua em nós
mesmo se nos deixa sós
Aleilton Fonseca
Publicado em 7 de Dezembro de 2007