IV a poesia: o rosto na água; o poema, sua inconstante aparência, forma mutante, em recorrência, minúsculas mudanças em contínua ação que se o poema se esgota, da poesia abandonado, torna-se somente corpus, de pesquisa e enunciados, em autópsia textual que lhe decreta o sentido, em seu mais "último grau", de seus versos dissecados oh, amém, poema finado mas não há a poesia finita, mas corrente, em espiral, sem termo o poema é o instante, dessa corrente em passagem re-fulminante, diante dos olhos atônitos do poeta, às vezes surpreso, em agônico gesto o poema re-preso no papel, em tinta enformado, sob tratos cosméticos, convencionados, esconde sua verdade; o poema é mais que o brilho de letras para olhos desavisados, e, como não há parto asséptico, assim nasce, corpo de palavras, entre suor e risos e gases e lágrimas sempre o poema-sendo-ando-indo, em gerundivo estando, em contínuo... Aleilton Fonseca