A gravação do rosto
(excerto)
Na superfície branca do deserto
na atmosfera ocre das distâncias
no verde breve da chuva de Novembro
deixei gravado meu rosto
minha mão
minha vontade e meu esperma;
prendi aos montes os gestos da entrega
cumpri as trajectórias do encontro
gravei nas águas a fúria da conquista
da devolução do amor.
Os calcários e os granitos desta terra
foram por mim pesados.
Dei-lhes afagos
leves olhares
insónias longas
impacientes esperas.
O zinco dos telhados cobriu-me solidões
e esperanças que tu sabes.
Ruy Duarte de Carvalho
Publicado em 26 de Janeiro de 2008