Falo de ti sob os ásperos semáforos da rua que quase enlouqueceu. E rememoro tuas pernas e teus braços e ponho a mão onde puseste o passo eco da antiga claridade que era assim. E abrindo a tampa do oblíquo alçapão, sob todos os cílios, baixo as pálpebras acossada por centenas de pássaros cheirando a ervas ruminadas na boca trêmula da dupla lua. Eu transeunte, embora, de uma outra, nesta rua louca, perdida, impregnada, dobro a esquina onde uma rapariga se esfuma guarida alhures, lá, pelas bandas do mar. Então, rouca, choro e saúdo uma nova lua clara, tão clara, tão rara! Onde se avivam rastros de mim. Inez Figueredo