Uma palavra, outra mais, e eis um verso, doze sílabas a dizer coisa nenhuma. Trabalho, teimo, limo, sofro e não impeço que este quarteto seja inútil como a espuma. Agora é hora de ter mais seriedade, para essa rima não rumar até o inferno. Convoco a musa, que me ri da imensidade, mas não se cansa de acenar um não eterno. Falar de amor, oh pastor, é o que eu queria, porém os fados já perseguem teu poeta, deixando apenas a promessa da poesia, matéria bruta que não coube no terceto. Se o deus frecheiro me lançasse a sua seta, eu tinha a chave pra trancar este soneto. Antonio Carlos Secchin