Amar-te é vir de longe, descer o rio verde atrás de ti, abrir os braços longos desde os sete anos sobre a latada ao pé do largo, guardar o cheiro a figos vistos lá, a olho nú, ao pé, ao pé de ti, parar a beber água numa fonte, um acaso perdido no caminho onde os vimes me roçam a memória e te anunciam mãos e te perfazem; como se o sino à hora de tocar já fosse o tempo todo badalado, e a tua boca se abrisse atrás do tojo, e abaixo dos calções as pernas nuas se rasgassem só para o pequeno sangue, tal o pequeno preço que me pedes. Atrás da curva estavas, és, serias, nos muros de granito, nas amoras. Amar-te era lembrança e profecias, uma porta já feita para abrir, e encontrar o lar ou música lavada onde, se nasces, vives, duras, moras - meu nome exacto e pão no chão das alegrias. Pedro Tamen