Desnoite
O que está fora, sou.
Meu rosto é meu formão.
Braços, bocas, de outros – se os houve – meu caráter.
Os livros lado a lado na estante
nada mais que o dia-a-dia em que me intacto.
Sou eu quem realiza destas pétalas o cheiro
cortado e medido sobre a mesa com régua de luz mínima.
A alma acabou, meu caro amigo:
o que há são só distantes objetos
moldando a fundo os segredos
das linhas da palma da nossa mão.
Ronaldo Bressane
Publicado em 23 de Fevereiro de 2008