Será tarde, Senhora, será tarde? A vida, igual ao dia, encontra ocaso. Termina, pouco a pouco, o nosso prazo E o frio olhar da morte já nos carde. Que tua luz me salve ou me resguarde. Tuas chamas me queimam. Já me abraso. Estamos bem além de um simples caso. A alma, outrora errante, em ânsias arde. Tenho estranho fulgor de adolescência, Mas, ao notar que tudo pede urgência, Sinto que amar me traz um certo alarde. E ao ver o tempo inexorável, lento, Escravo de teu grande encantamento Aflito te pergunto — será tarde? Artur Eduardo Benevides