Também isto é um rosário de pensamentos, um modo De começarmos a falar das coisas que se confessam Dificilmente, quando já não se aguenta mais, a um amigo Que se escapou às ocultas e traz Novas das casas e dos companheiros, E nos apressamos a abrir-lhe o coração, Não vá o exílio alcançá-lo e mudá-lo. Viemos das Arábias, do Egipto, da Palestina, da Síria; O estado de Comagena, que se apagou como uma pequena lanterna Muitas vezes volta ao nosso espírito, E as grandes cidades que viveram milhares de anos, Delas só restando pastagens de búfalos, Campos de cana-de-açúcar e de milho. Viemos da areia do deserto, do mar de Proteu, Almas maculadas de públicos pecados, Cada um com seu cargo, como o pássaro na gaiola. O Outono chuvoso nesta fossa Inflama a ferida de cada um de nós Ou, por outras palavras talvez, o destino fatal Ou simplesmente os maus hábitos, a fraude e o embuste, Ou ainda a cobiça do sangue dos outros. Facilmente se tritura o homem na guerra O homem é frágil, é um molhe de ervas, Lábios e dedos que desejam branco peito, Olhos semi-cerrados no esplendor do dia E pernas que correriam, mesmo tão cansadas, Ao mais pequeno assobio do lucro. Giórgos Seferis, tradução Manuel Resende