Ler o verso da paisagem o outro lado da cantiga falando somente os fatos dessa caminhada antiga passada de boca em boca havia de se extraviar inventando muitos galhos estranhos do caminhar. Mas essa invenção da mente louvada seja louvada fez-se da pedra rochedo da parelha acasalada. Rochedo na forma dura na convivência de pedra dessa fêmea e desse macho que aqui o canto celebra: da fala a pedra se lasca no diário conviver dessa árvore com seus frutos para a caça de comer; do sol que vinha esquentar a alma do dia cinzento da chuva que lhes banhava o solo e os muitos rebentos; um recado a adocicar o coração da parceira lavrado no seu desejo de quedar-se à sua beira. Do gozo desses momentos no olhar que se guardava para a fala dos invernos a fala que se contava. Também cantava o registro da vida seus outros lados o fel dos fatos fanados de fados tão desgarrados. Mas o tempo adormecia nos poros de suas peles deixando também as trilhas no rosto pra que revele cada sinal cada ruga um desafio outra mágoa nada se esconde do tempo nem se bebe a mesma água. Dessa condição finita para marcar a passagem o homem cravou-se em rocha no rio de sua própria margem. Queria que outros soubessem não mais pela boca de outros que a história que é recontada vem nas curvas com sons roucos. Aníbal Beça