Tento empurrar-te de cima do poema para não o estragar na emoção de ti: olhos semi-cerrados, em precauções de tempo a sonhá-lo de longe, todo livre sem ti. Dele ausento os teus olhos, sorriso, boca, olhar: tudo coisas de ti, mas coisas de partir... E o meu alarme nasce: e se morreste aí, no meio de chão sem texto que é ausente de ti? E se já não respiras? Se eu não te vejo mais por te querer empurrar, lírica de emoção? E o meu pânico cresce: se tu não estiveres lá? E se tu não estiveres onde o poema está? Faço eroticamente respiração contigo: primeiro um advérbio, depois um adjectivo, depois um verso todo em emoção e juras. E termino contigo em cima do poema, presente indicativo, artigos às escuras. Ana Luísa Amaral