Não tenho mal nenhum, senhora minha, como se fosse puro, imaculado, como se fosse um anjo, um serafim, como se fosse deus, imune à dor. Eu nada sinto, dor nenhuma tenho, quer na cabeça, quer no amargo peito. Não tenho mal nenhum, senhora minha, perfeitamente são me sinto e puro. Se existe mal em mim, se existe dor, é a de morrer tão cedo, a pleno sol, envelhecer como qualquer mortal. E a dor maior, minha senhora bela, é dentro d'alma, bem profunda e aguda, a dor chamada angústia, a dor de ser. Possessão Nada é meu, nem a vida, que é minha. Nilto Maciel