(gentileza de Jaime Roriz) Ouve, meu anjo: Se eu beijasse a tua pele? Se eu beijasse a tua boca Onde a saliva é mel? Tentou, severo, afastar-se Num sorriso desdenhoso; Mas aí!, A carne do assassino É como a do virtuoso. Numa atitude elegante, Misterioso, gentil, Deu-me o seu corpo doirado Que eu beijei quase febril. Na vidraça da janela, A chuva, leve, tinia... Ele apertou-me cerrando Os olhos para sonhar - E eu lentamente morria Como um perfume no ar! António Botto