Por onde passo
por onde eu passo passou o ferro em brasa
e os olhos roídos pelo fogo das lágrimas
passaram pelo sangue e o leão
ó rígido
nenhum vento estremeceu mais para dentro da noite
que a divida obscura
o mercado do sol entrou no quarto
e o quarto na cabeça cheia de zumbidos
amadurecer as iscas do desalento
que gente mais timorata atirou ao chão
quente desfalecer de uma noite de trabalho
viver toda a sua indiferença
e tão calma a noite enquanto ainda caminha na embriaguez
embrulha-se na cidade nas plantas
uma invisível mão me empurra selvagem
pelos velhos caminhos dos jardineiros
onde vibram as notícias
se reviram os canteiros
onde ainda lágrimas se tiram
e há ferros a torcer no inverno
Tristan Tzara (ou Sami Rosenstock)
Publicado em 30 de Abril de 2008