Esta é a designação familiar para distinguir as manifestações eufóricas do 1º de Maio de 1974 - nas quais, diga-se desde já, não participei de forma alguma por motivos que ainda hoje me parecem os mais válidos do mundo: tinha acabado de entrar nos meus sweet sixteen e o meu alto e loiríssimo namorado (aposto que ainda hoje continua elegante e de pronto sorriso semi-trocista)tinha o dia livre para mim. Acresce que, dada a natural alegria dos meus pais com a liberdade recém chegada, estava certa (e não me enganei...) que iriam participar na manifestação que se adivinhava uma verdadeira catarse colectiva dos "48 anos de fascismo". Essa vontade participativa esgotou-se-lhes aliás logo a seguir, e acho que até hoje nunca mais foram a qualquer movimento de massas - com excepção dos proporcionados pela cozinha italiana, que não desdenham. Mas naquele dia, deixando a casa sob a vigilância reduzida de uma avó metediça mas também mais interessada, por uma vez, no que se passava na rua do que em casa, aqueles simpáticos trintões permitiram-me involuntariamente uma celebração particular e inesquecível do primeiro 1º de Maio.