Estrela Cintilante
Estrela cintilante! Eu seria tão inabalável quanto és ?
Salvo no esplendor solitário com que sufocas as trevas,
Enquanto observas com eterna indiferença,
Qual um Anacoreta alerta e paciente, da Natureza,
O refluxo das marés em sua sacerdotal tarefa
De purificar os confins dos mares, toldados pelos homens,
Ou, fitando através de límpidas e suaves lentes,
A neve sobre as montanhas e sobre as urzes.
Não -, embora inabalável; embora imutável como tu,
Descansaria sobre um seio sereno de mulher,
A fim de sentir, para sempre, suas curvas macias e sua tumidez,
Desperto para sempre por delícias agitadas,
A escutar cada vez mais o seu arfante suspirar,
E assim, viver para sempre - ou então, agonizar até morrer.
John Keats
Publicado em 7 de Junho de 2008