(gentileza de Amélia Pais) Para o Mário-Henrique Continuar aos saltos até ultrapassar a Lua continuar deitado até se destruir a cama permanecer de pé até a polícia vir permanecer sentado até que o pai morra Arrancar os cabelos e não morrer numa rua solitária amar continuamente a posição vertical e continuamente fazer ângulos rectos Gritar da janela até que a vizinha ponha as mamas de fora pôr-se nu em casa até a escultora dar o sexo fazer gestos no café até espantar a clientela pregar sustos nas esquinas até que uma velhinha caia contar histórias obscenas uma noite em família narrar um crime perfeito a um adolescente loiro beber um copo de leite e misturar-lhe nitroglicerina deixar fumar um cigarro só até meio abrirem-se covas e esquecerem-se os dias beber-se por um copo de oiro e sonharem-se Índias. António Maria Lisboa